sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Cavalcante – renovando as energias no paraíso!


Aproveitando que juntaram o feriado do dia do servidor público (28out) com o de 02nov, fui com uma amiga para Chapada dos Veadeiros. Paraíso que ainda não tinha visitado este ano. O destino foi Cavalcante, buscando águas claras e geladas antes que a chuva chegue por aqui!


Cartão postal de Cavalcante - Santa Bárbara

Cavalcante deve ser uma das cidades mais antigas do Goiás. É da época da lavra do ouro junto com as de Minas Gerais. A lavra foi abandonada pelo alto custo, era preciso drenar o terreno o tempo todo...temos um paraíso das águas por lá. A cidade ainda cultiva muito machismo entre os nativos, acho que típico da cultura goiana. E olha que não estou falando como brasiliense...kkkk.

Em algumas conversas foi fácil notar os conflitos e diferenças entre os nativos e os que vieram de fora em busca de paz e do encanto de viver naquele paraíso natural. Mas, vamos falar de natureza!

Saímos cedo de Brasília para ir direto para a cachoeira mais famosa da região, cartão postal de Cavalcante – Santa Bárbara. São 320km até Cavalcante, e depois mais 23Km de estrada de terra até o povoado do Engenho II, uma comunidade kalunga, que é sítio histórico e Patrimônio Cultural. Lá pegamos um guia nativo e seguimos de carro por mais ~3-4km, antes de começar a trilha para a cachoeira. A ideia era ir direto na esperança de não pegar a cachoeira lotada, o que é normal nos feriados. Inclusive com visitação e tempo controlado.

Trilha, depois que deixamos o carro...com vários pontos de erosão :(

Na trilha para a Sta. Bárbara já temos algumas demonstrações do lugar...

Água completamente transparente!

Digamos que não vale a pena visitar a Santa Bárbara lotada. O lugar é um santuário para todos os amantes da natureza, e não comporta muita gente, e não combina com o espírito de muvuca! Como sexta-feira não era feriado pra todo mundo, deu certo!

Tinha bastante gente, mas não atrapalhou o astral. Conseguimos curtir o santuário! Aquelas águas azuis transparentes cercadas pelos paredões verdes são maravilhosas!

Um santuário, para ser cuidado!

O poço, mesmo com o feriado, deu pra aproveitar muito!

Debaixo d'água :)

O tempo colaborou, não fez muito sol, mas a chuva, ou chuvisco só chegou mais tarde. Seguimos para a cachoeira Capivara, para aproveitar o passeio, mesmo sem muitas esperanças de banho pela cara feia do tempo. No caminho vimos araras e tucanos...coisa linda! Aliás, como também a cachoeira! A Capivara não tem águas azuis como a Sta. Bárbara, mas tem quedas maravilhosas entre paredões. Ela é formada pelo encontro de dois rios, e ainda preciso conhecer a sequência de cachoeiras que vem depois...e já é motivo para voltar!


A foto não mostra bem, mas o céu estava repleto de andorinhas...lindo!

A sequência do rio. Águas não tão claras, mas lindas!

O poço da Capivara, visto do alto da trilha de acesso.

A chuva não veio, não passou de chuviscos, mas não encaramos a água, fiquei só nas fotos e na admiração da paisagem. A preocupação era com a estrada, pois passamos por alguns rios dentro da comunidade kalunga, e na estrada tinha um desvio com uma ponte quebrada (de madeira, claro!). Mas, deu tudo certo! Só alegria...e ainda almoçamos na comunidade. Por lá, eles plantam tudo que comem...e isso não tem preço!!!

A trilha da Capivara é bem mais acidentada que a da Sta Bárbara, que é plana.

Olha isso!!!!!!!!!

Sem palavras com o visual...

No dia seguinte, hora de reencontrar o guia e amigo Paulo Morais, o Pardal, que conheci da última vez que estive em Cavalcante, quando me apresentou à Ponte de Pedra...outro paraíso que eu precisava visitar!

Na noite anterior já o havíamos encontrado tocando na Gastrô, uma pizzaria nova na cidade. Ele toca percursão/bateria, e, em dupla, forma a Baião de Dois. Forró pé de serra, MPB, reggae...tudo de bom, num ambiente bem legal, com uma ótima pizza.

Essa é a sequência da Capivara...que vai ficar para a próxima!

A trilha pra Ponte de Pedra é bem íngreme, o que espanta a maioria dos turistas. Da primeira vez estávamos sós, e dessa vez encontramos apenas um casal. A aventura da vez foi usar o 4x4 em alguns trechos do acesso!

Ponte de Pedra.

Localizada a aproximadamente 12 km de Cavalcante, o acesso é feito por 9 km de estrada de terra. Paramos antes na fazenda do 'dono do pedaço' para pagar a entrada e nos registrar. Depois seguimos para a Reserva Renascer, onde é possível deixar o carro, ou seguir por uma estrada bem ruim por mais uns 2Km (aí entra o 4x4!). Paramos o carro e entramos na trilha, que começa numa floresta em reconstituição, e segue até a base da Serra Santana. A partir daí, é subir a serra (~900m metros de subida íngreme), depois mais 1km de trilha fácil para se chegar ao rio São Domingos, quase na divisa norte com o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. (Peguei alguns dados em
http://cavalcantego.blogspot.com.br/p/videos.html).

A trilha de acesso começa na mata...Paulo e Cássia.

Várias espécies nativas, como a copaíba!

Um castelo de cupins ;)

Depois de subir a serra, chegamos nas pedras, onde encontramos o São Domingos.

Chegamos, curtimos, comemos curriola da serra pelo caminho, depois umas cagaitas, e, de novo, torcemos para a chuva não atrapalhar o passeio! O chuvisco chegou quando subimos para o mirante. A chuva não veio, mas atrapalhou a curtição, pois a gente não sabia se pegaríamos o toró que estávamos vendo nos arredores, e preferimos não arriscar ficando muito tempo. Ficar curtindo o visual lá em cima, no silêncio, não tem preço! Preciso voltar...de novo!

Curriola...frutinhas novas para o cardápio da trilha! Delícia!

A árvore, identificada.

Euzinha pousando com a ponte :)

De novo, agora debaixo dela...

Vista do vale que segue...as próximas vistas são do alto...

Pra entender a geografia dessa região, acessem o post que escrevi na primeira visita à Ponte de Pedra:

Visual do mirante. O rio passa lá embaixo. E, no horizonte, muita chuva!

Cada cenário tem sua beleza! Mesmo nublado, estava lindo!

A chuva que víamos no Parque, essa região é fronteira.

Vista do alto da sequência de cachoeiras que desaguam pelo vale...

Não vi Canela de Ema, nem Chuveirinhos, mas vários Candombás floridos :)

Retornamos para abater o PF do Flor do Cerrado, tomando uma gelada. De noite, descobrimos outro lugar legal que o Paulo indicou para tomar um café. É também uma das únicas opções vegetarianas da cidade. Tudo muito gostoso. É impressionante como tem gente fantástica nestes lugares. Anota aí, Canela de Ema é o nome do lugar.

Iríamos retornar no domingo (01nov), e a Cássia preferiu tomar o rumo de Alto Paraíso e fazer alguma coisa por lá. O dia amanheceu chovendo, o que desanimou um pouco...essa era a melhor opção. Tomamos nosso maravilhoso café da manhã, nos despedimos da Marta, dona da pousada Manacá, onde ficamos, e seguimos para Alto.

Banana assada com canela no café da manhã da Marta!

Por lá, procurando algo mais tranquilo, e mais vazio (tudo deveria estar lotado), fomos para as Loquinhas, pois o acesso estava fechado mais cedo, por causa da chuva, e deu certo! Em menores proporções, outro paraíso, e sem nenhum esforço pra curtir. Quando eu fui às Loquinhas ainda não tinha a trilha de madeira com escadinhas para os poços...um luxo!

Sequência de poços das Loquinhas.

Pouco sol, pouca gente, acertamos de novo!

Um dos poços de águas cristalinas...

Euzinha, curtindo a cachu!

Em Alto, almoçamos no Alquimia para manter a vibe natureba e pegamos a estrada. Tempestade mesmo só quando chegamos no Quadradinho (DF)...mas, passou logo! E, infelizmente, já não estamos mais no paraíso. Firmei um ideal de ir para a Chapada pelo menos três vezes no ano que vem! É possível ir várias vezes sem repetir o programa de tanta coisa pra fazer...e eu aqui em Brasília!


Dicas

- Essa não é a melhor época para ir, pois as chuvas de verão já começaram e existem muitos riscos, principalmente de tromba d’água na maioria das cachoeiras, sem falar na complicação de alguns acessos. De qualquer forma, deu pra aproveitar J! Em qualquer época é possível fazer coisas legais de olho no tempo. Pra se garantir é melhor ir entre abril e outubro.
- Por lá já fiz camping na fazenda Veredas, e me hospedei na pousada Morro Encantado, que é uma maravilha. A Manacá é menor, mas muito aconchegante e tem um ótimo café da manhã! Nos feriados é preciso reservar com uns dois meses de antecedência. Senão, nada de vaga! Todas as cidades/vilas da Chapada estão nessa agora. Vocês vão adorar conhecer a Marta, dona da pousada!
- Para almoçar no final dos passeios, em alguns lugares é possível encomendar nas comunidades (~R$ 25,00 nos kalungas). Isso sempre vale a pena, por mais simples que seja a comida é praticamente tudo orgânico e local. Sem falar na oportunidade de convivência com os locais. Se for direto para a cidade, eu indico o PF do Flor do Cerrado (R$ 20,00)...eu comeria uns dois! Não deu pra descobrir muita coisa na cidade, pois a maioria do comércio estava fechado...mesmo sendo feriado! Eita povo que gosta de trabalhar!!!
- Nos kalungas é possível pegar um guia da comunidade, na entrada da cidade tem o Centro de Atendimento ao Turista, onde também ficam alguns guias, mas se quiser um cabra bom vai direto com o Paulo! Eu quero fazer a sequência da Capivara com ele. Segue o contato: 62 9612 6812. E aproveita pra ouvi-lo tocar em algum canto da cidade à noite ;)
- Na comunidade kalunga também é possível comprar os produtos plantados por eles: arroz, feijão, farinha de mandioca, e outras coisas. É interessante apoiar a sustentabilidade da comunidade!
- A cidade é sossegada. Aproveite o silêncio, os morros encantados, as revoadas de araras e outros pássaros.
- A maioria dos passeios têm acesso por estradas de terra, e nem sempre é perto. Ter um 4x4 é uma boa opção para qualquer parada, mas acredito que é possível fazer todos os passeios com carro normal, dependendo da época, e andando um pouco mais (com os pés!!!). Quando eu fiz a Sta. Bárbara a primeira vez não era permitido entrar com carro a partir da comunidade kalunga. Agora eles deixam, e até incentivam ir de carro até perto da cachoeira, o que está gerando erosão e detonando o acesso. É triste ver que a comunidade cede ao poder do dinheiro. Ainda vimos uma boa parte da trilha de acesso queimada por ponta de cigarro de algum turista criminoso que não foi identificado! Por isso (também), não dá pra ir com qualquer guia...os caras têm de ter autoridade com esses FDP! Um dos grupos que chegaram junto com a gente para a Sta. Bárbara estava fumando e bebendo...deveria ser proibido! Ficamos sabendo de um grupo de jipeiros que invadiram a área das cachoeiras do Prata (15 jipes), e chegaram até perto da cachoeira Rei do Prata, no final da trilha. Um absurdo! É uma área de preservação, e espero que o Ministério Público dê conta disso, pois pegaram todas as placas dos imbecis!

Se não consegue fazer trilha, se não respeita a natureza, deve ficar em casa, ou fazer um rally urbano em vez de cometer crime ambiental! 


Do mirante da estrada para a Sta Bárbara...até a próxima!


Um comentário:

  1. Deu saudades de Cavalcante e seus encantos! E as dicas de restaurantes estão anotadas ;)
    Ano que vem voltaremos para lá e a dica de fazer as cachoeiras da Capivara foi anotada.
    E ficarei no seu pé para visitar a chapada no mín 3x/ano :)
    Bjs, saudades, Michèle

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