Post 5: Yosemite
National Park - Califórnia
Pra fechar a viagem
com chave de ouro tinha de ser Yosemite! Eu sou muuuito suspeita para falar
desse parque, porque é um dos lugares mais lindos do planeta para mim. Essa foi
minha terceira vez em Yosemite, e ainda sonho com esse lugar, cujas fotos e
memórias habitam meu lar e meu coração.
Dormimos no dia anterior, depois de uma longa viagem, em uma vilazinha muito charmosa chamada Mammoth Lake. Apesar de longa, a viagem foi muito legal, e chegamos no fim da tarde em outro cenário, completamente diferente dos paredões vermelhos e dos desertos que cruzamos. A temperatura despencou, tinha neve nas montanhas da Sierra Nevada, muitos rios e florestas.
A mudança radical na estrada, Sierra Nevada :)
As montanhas ainda com neve, e as florestas de coníferas.
Antes da entrada do parque, o primeiro lago de degelo, Tioga, que serve a uma PCH!
Lipe curtindo a neve;)
Primeiro contato com ambiente de montanha.
A Tioga Road, CA 120, que cruza o parque, só funciona entre os meses de maio a novembro. Estávamos monitorando a estrada, porque ela ainda estava fechada, por causa do gelo acumulado, na véspera de nossa viagem. Se ela não abrisse, teríamos de ir por outro caminho e a viagem ficaria ainda mais longa, o que valeria repensar o roteiro, apesar da vontade de ira a Yosemite. Enfim, deu tudo certo.
Essa é a parte mais
alta do parque, repleta de lagos, prados e florestas. Fomos dirigindo e parando.
Várias pessoas pescando, tipo aquelas cenas de filmes, e outras apenas
admirando, como nós. Ao lado da estrada sempre muuuitas flores nas rochas. A
rocha aqui é granito, com uma cor cinza claro, e é bastante aderente. Na parte
baixa, o famoso Vale de Yosemite abriga muitas cachoeiras e paredes milenares. As maiores paredes verticais do planeta, super famosas para escalada.
Como a parte alta
do parque é menos visitada, e, mais acessível somente no verão, eu juro que
queria encontrar uns animais selvagens...e, porque não, urso J! Eles são famosos no parque, já fizeram vários
estragos décadas atrás, quando os turistas começaram a se aproximar deles e os
alimentar. Essas histórias são famosas por lá. Foi então que começaram a atacar
as barracas e os carros em busca de comida, e o parque teve de tomar sérias
precauções para retomar a situação e manter os ursos selvagens. Por isso, não só
em Yosemite, mas em todos os parques que são habitat natural deles, existem
locais específicos para armazenar comida e lixo.
Vários riachos cortando as florestas e montanhas.
Prados floridos, água por todo lado.
Água completamente transparente...
...e gelada.
Primeira aparição do Half Dome!
Olmsted Point. Muitos, como eu, curtindo o visual das montanhas e do Half Dome.
Além do visual dos prados e montanhas, o ponto de parada que eu mais gostei foi o Olmsted Point, logo depois do Tenaya Lake...por que será??? Foi de onde tivemos a primeira vista do Half Dome, da parte de trás do domo. Lindo!
Pedra pra todo lado e flores para todo lado!
May lake, da trilha.
Lago na saída da trilha do May lake.
Todo e qualquer tipo de alimento precisa ser retirado dos carros, barracas e lugares acessíveis aos ursos, e guardados nesses compartimentos fechados, disponíveis em todas as partes do parque.
Seguindo pela Tioga Road, praticamente acessamos a entrada Big Oak Flat, do outro lado do parque, quando viramos à esquerda em direção ao Vale. Aí, cada curva, cada trecho da estrada é deslumbrante! Enquanto descemos, os paredões, as cachoeiras e o vale cortado pelo Mercedes River vão aparecendo. Quando se atravessa o primeiro túnel já tem um ponto de parada obrigatório, com a famosa vista do Vale (Tunnel View)! Lá estão: à esquerda o El Capitan com seu paredão de 910m, ao centro, no fundo, o Half Dome, à direita as Sentinelas e a Bridalveil Fall. Já dá vontade de parar o tempo, só para ficar ali admirando aquela beleza.
Há estacionamentos
em todos os pontos de observação, alguns bem cheios, mas nada que esperando um
pouquinho não se consiga uma vaga.
Descendo para o vale as montanhas, cachoeiras e riachos vão aparecendo e dando um show de visual!
Tunnel view - parada obrigatória, cartão postal!
Adivinha?
É o máximo que o Hald Dome apareça de vários pontos do parque!
Trilha para outro cartão postal, o Mirror Lake.
Mirror Lake, visual impagável!
No alto, uma tímida lua aparecendo.
Na areia, borboletas...
...na água, os patinhos.
Essa foto, mesmo ruim, eu precisava postar. Tentamos várias vezes fotografar esse pássaro azul de topete preto, muito comum no parque, mas nada de ele ficar quieto!
Esses aí continuam por toda parte!
Chegando ao Vale
começa a novela do estacionamento...a luta por uma vaga. Existem alguns
estacionamentos no parque, até grandes pela demanda, mas sempre lotados. Depois
de encontrar uma vaga, é andar e usar o ônibus (shuttle) do parque sempre que
possível. Ao dirigir pelo Vale a vontade que dá é de parar a cada metro, porque
as vistas das montanhas e cachoeiras são fantásticas.
El Capitan, Half Dome, Sentinela Dome e a Bridalveil.
Sentinela com a Bridalveil :)
910m de parede vertical...vamos escalar?
Mais um super visual, do Glacier Point, com o vale na frente do Half Dome e à esquerda a Vernal Fall.
Há lanchonetes,
mercado, hotéis e acampamentos no parque, mas ficam lotados assim que abrem as
vagas, meses antes! Na primeira vez que fui fiquei no Yosemite Lodge, super charmoso,
no Vale, era inverno, fevereiro, e muitos passeios são inviáveis no parque. Aí,
o legal é curtir a neve e estar preparado para ela! Depois, voltei em junho,
como viemos agora, e fiquei acampada, e dessa vez ficamos em uma cidadezinha
chamada Mariposa, em um dos condados do parque, a 43Km, com acesso bem lento
pela CA 140, seguindo o Mercedes River. Essa foi a única opção que tivemos mais
perto do parque e com preço mais razoável (nada barato!), porque reservamos com
apenas 2 meses de antecedência.
Como eu já falei,
os paredões do parque são super famosos, principalmente o El Capitan, uma
escalada de dias, na qual os escaladores dormem na parede; e o Half Dome, que é
acessível por trilha, a famosa Half Dome Cables, que necessita autorização do
parque, mediante sorteio! Isso mesmo, sorteio! E, para piorar, você se inscreve
em março...ou seja, em março eu não tinha ideia que iria para lá, mas, ainda
tinha uma chance! Quando o número de vagas permitido não é fechado no sorteio
de abertura, dois dias antes da data que pretende escalar, é possível tentar um
sorteio das vagas remanescentes! E, claro, foi isso que eu fiz, mesmo com o
joelho detonado!
A sorte estava do
meu lado! Consegui! Mas, terminei desistindo, porque seria muuuito pesado para
o meu joelho estragado e também para o Filipe, que não tem treinamento para
fazer uma subida pesada, com ida e volta estimados em ~12 horas! Bom, mais uma
razão para voltar! Eu subi o Half Dome em 97, quando acampei no parque, mas
ainda está na minha lista fazer de novo! Eu diria que as escaladas e trilhas
mais interessantes não são para iniciantes mesmo!
Outro point super
famoso no parque (que eu não conhecia) é o Glacier Point. É possível subir
pelas trilhas ou de carro, por uma estradinha bem sinuosa, por onde seguimos.
No caminho cruzamos com uns bambies. Eles são os animais mais fáceis de ver no
parque, além de um pica-pau azul liiindo, que não conseguimos fotografar...(não sei se é pica-pau!).
O Glacier Point tem
uma vista privilegiada do vale, mais especificamente das cachoeiras e do Half
Dome (sim, ele de novo!). O horário que escolhi foi o pôr-do-sol, porque tinha
visto fotos fantásticas de sua face avermelhada com a luz do entardecer. E, foi
um fim de dia abençoado! Lindo demais! Eu ficaria ali para sempre J!
São 2.694m, mas só o visual do domo não dá essa ideia.
A Vernal e suas várias quedas...é tudo muito imenso e difícil de registrar nas fotos!
Sol se pondo nos pinheiros coloridos.
Foram trocentas fotos, a cada minuto com a luz mudando e colorindo o topo das montanhas e a parede do Half Dome.
Esse pôr-do-sol fica na memória!
Olha o cenário! Impagável!
Mas, tínhamos de
descobrir onde era nosso hotel, e saímos do parque logo que anoiteceu. Demorou
para caramba para chegar em Mariposa (até pensamos que estávamos perdidos L). E, pra variar, é uma daquelas cidades minúsculas,
que às 22h já fechou tudo! Tivemos de sair correndo e entrar numa pizzaria, o único
lugar aberto do pedaço, e, quase fechando!
No outro dia
entraríamos pela entrada sul no parque, Mariposa Grove, onde tem as sequoias gigantes!
O Lipe estava ali atrás delas, e eu atrás das montanhas kkkk! Essa região do
parque tem sofrido muito com os incêndios que ocorrem no verão na Califórnia. É
de cortar o coração passar por partes da floresta em recuperação, e,
principalmente ver as sequoias centenárias atingidas! O acesso a essa parte do
parque ficou fechado durante os últimos anos, para recuperação da área. Demos
muita sorte, porque a estrada e o acesso a esta área tinha acabado de ser
reaberto!
Sequoias gigantes. Nem a panorâmica deu jeito para pegar a árvore toda!
As trilhas entre as sequoias.
Essa é a Grisly, e essa parte preta é uma queimadura! :(
Olha o Lipe abraçando uma aí :)
Só é permitido
circular por esta parte do parque com o shuttle, no circuito não é permitido
nem caminhar, nem pedalar! No inverno, depois de estacionar na área de recepção
é possível ‘caminhar’ por esse circuito, uma vez que é inviável trafegar os shuttles pela neve. Nos pontos de parada do ônibus existem algumas opções de
trilhas pela floresta, realmente única, nas quais você não se cansa de parar e ficar
olhando para cima!
Essa região foi
habitada por sete tribos pré-históricas! E, até hoje eles estão presentes e
protegem a área. Essa foi uma das primeiras áreas protegidas legalmente dos
USA. Um dos murais na entrada da floresta tem a foto de uma ‘fatia’ de 2,3m do
tronco de uma gigante que viveu por 805 anos (isso mesmo!). Cada marca na
sequência de seus anéis conta a história desses séculos.
Uma sequoia gigante
pode ter o diâmetro de 11m, 30,4m de circunferência, crescer ~91m e viver por
mais de 3.000 anos! Que tal abraçar uma? As maiores da espécie são dessa
floresta! É uma visita impagável! O problema é só conseguir fotografar uma
inteira...O Lipe deu a ideia de usar a panorâmica e foi assim que tentamos
registrar nosso passeio entre esses monstros sagrados da natureza.
Saindo da floresta
das Mariposas, seguimos dentro do parque pela Wawona Road até o Vale. Fomos curtindo
as montanhas, paredões e cachoeiras do caminho, mas sem muitas delongas porque
a fome era grande. Seguimos para o Vale, almoçamos, fomos ao centro de
visitantes, aos museus e lojinhas e caminhamos até a parte de baixo da Yosemite
Fall, com seus 739m de queda, dividida em três sequências de cachoeiras. Para
chegar perto é preciso escalar pedras gigantes, mas vale a pena ficar pegando os
respingos da queda, ali, paralisado, só curtindo, olhando a água cair e se espalhar
pelas pedras.
Seguindo a trilha para a parte de baixo da Yosemite fall.
Só a parte de baixo da queda!
Banho de respingos para lavar a alma :)
É
isso...simplesmente estar em Yosemite é demais. A cada olhar, cada rocha, cada
árvore, cada pássaro, a relva, o Mercedes, tudo é especial!
Com vontade de ficar mais, no dia seguinte,
seguimos em direção a Sacramento, passando pelo interior da Califórnia.
Fazendas, campos dourados, o Mercedes e outros rios e represas. A aventura
pelos parques americanos estava chegando ao fim. É engraçado como as pessoas
entendem que a civilização está nas cidades...eu já acho que essa ‘civilização’
precisa cada vez mais retornar para junto da natureza, onde está a vida de
verdade. Como já dizia John Muir, um grande preservacionista, desbravador e
defensor de Yosemite, que lutou pela preservação de várias áreas nos USA:
"Thousands
of tired, nerve-shaken, over-civilized people are beginning to find out that
going to the mountains is going home; that wildness is a necessity..."
--John Muir, 1898
Só passamos por Sacramento.
O Lipe queria encontrar um cara que ele segue nas mídias sociais, que trabalha
com som automotivo, mas a loja estava fechada quando chegamos. Então, seguimos
para San Francisco, que eu adoro, apesar de preferir estar nos parques, no meio
do nada! A visita à cidade foi breve, chegamos já tarde na quarta, 20, e
encontramos com um amigo de Brasília que está morando lá, o Cristiano. Saímos
para comer em um japonês e circulamos por alguns bares da região central, Union
Square, onde nos hospedamos. O trânsito e a confusão de diferentes meios de
transporte já me convenceram logo de cara a não pegar mais no carro até a hora
de ir embora!
Fazendas com campos dourados por grande parte da estrada, seguindo pelo interior da Califórnia.
No dia seguinte fomos andar a pé pela região, passando pelo Chinatown, descendo pelo bairro italiano até o Firsherman’s wharf. Almoçamos por lá e circulamos pelos píeres andando em direção à marina. Morremos de cansaço e voltamos de ônibus para o hotel no fim da tarde. Encontramos de novo com o Cris para jantar por ali. A região é ótima, muitas opções, mas muita coisa fecha às 22h, para a nossa surpresa!! Último dia, passeamos por lá, fomos ao mercado de produtores locais, visitamos algumas lojas e resolvemos sair em direção a LA, parando pelo caminho em alguns outlets. Achamos arriscado deixar para ir de SF para LA no mesmo dia do voo. Era melhor chegar cedo e não correr o risco de ter stress e congestionamentos na hora de voltar.
Os famosos bondinhos, que se juntam aos ônibus elétricos, normais, carros, skates, bikes, etc pelas ruas de SF.
A feira dos locais!
Entrada do Chinatown.
Poucas focas no Pier 39, famoso por ficar sempre lotado com elas.
Pier 39.
A quem interessar saber sobre outlets no caminho, o único que recomendo é o de Camarillo, já perto de LA. O de Gilroy, perto de SF é uma m*. Daria para ter ido direto e parar em Camarillo, mas preferimos ser prudentes! Foi interessante voltar com calma, observar de novo as fazendas e represas no deserto, ver como eles têm soluções simples, que poderíamos implantar aqui, valorizando tudo que temos em cada região. Mas, não temos vontade política, e nem responsabilidade para fazer isso, basta ver os representantes que escolhemos para governar o Brasil!
Uma das coisas mais impressionantes que observei nessa viagem foras as placas nas estradas, todas estilizadas, muito bonitas, e várias delas com os dizeres "Adote uma estrada". Isso mesmo! Na primeira vez que li, fiquei pensando o que seria isso. Depois, fui vendo placas de sinalizaççao com o nome de pessoas, famílias ou instituições que contribuíram com a obra! Alguém consegue imaginar isso aqui no Brasil?? Isso sem falar que as estradas são maravilhosas! Road trip nos USA é super tranquilo. E, como mostrei nos posts, as paisagens são MARAVILHOSAS. Vale a pena!
Enfim, hora de voltar para casa, depois de uma experiência maravilhosa pelos parques americanos, aprendendo com muitos exemplos de organização, preservação, exploração consciente e cuidadosa da natureza.
Com certeza não
esperarei mais trocentos anos para voltar! J
DICAS
- Yosemite é
maravilhoso! Tem opções para todos os tipos de pessoas, acessibilidade, vários
tipos de esportes, até saltar de asa delta e base jump das montanhas, rafting,
escalada, caminhadas, e apenas contemplações da natureza, ficar largado na
beira de um lago ou no Mercedes tomando um banho. Por isso, pra variar, o
parque é lotado, e é muito difícil ficar hospedado dentro do parque. Então,
planeje sua viagem para não perder tempo!
- Mais uma
preciosidade de Yosemite, que muitos devem conhecer das mídias sociais, a
cachoeira Horsetail, que durante um período dos meses de fevereiro e março
parece uma cachoeira de fogo, por causa de um efeito da luz do fim do dia em
suas águas. É um espetáculo da natureza, assim como tudo em Yosemite.
- Ficamos em um
hotel no centro em San Francisco. E, tirando a vantagem de estar no centro e
poder fazer tudo a pé, os preços são muito altos e para não gastar uma fortuna
ficamos em um Super 8 que achei péssimo! Em LA ficamos em um S8 fora do centro
e foi ótimo, mas no centro, jamais de novo! Não tinha estacionamento, como a
maioria do centro não tem, e tivemos de gastar mais uma grana para manter o
carro em estacionamento público. O hotel era pré-histórico, sem manutenção,
péssimo de limpeza, affff. Então, pense bem na relação custo-benefício,
principalmente se estiver de carro!
- Outra dica, que
não fizemos dessa vez, é descer de SF para LA pela estrada número um, margeando
o Pacífico. É como uma scenic view, maravilhosa! Vale muito a pena, mas tire
pelo menos um dia para dirigir por ela. O ideal são dois, com calma.
- Segue nossa rota
de Mammoth Lake para Yosemite, e depois para Mariposa. Mammoth Lake e essa
região de Mono Lake é muito linda! Uma pena eu não ter uma ideia disso
antes...mas, está na lista para explorar melhor da próxima vez.
Do Pier de Santa Mônica, em LA, ao Pier 39, em SF, fechamos nossa abençoada viagem pelos parques americanos. Muitas experiências e aprendizados pelos quais somos gratos! Final feliz :)