quarta-feira, 6 de novembro de 2013

PARNA - Chapada dos Veadeiros

UAUAUAUAHUUU – Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros - Vila de São Jorge - 02-03/nov/2013

Matando a saudade desse lugar maravilhoso! Por mais perto que seja de Brasília, as minhas escolhas, que fazem a correria do dia-a-dia, não deixam muito tempo para as trilhas por lá. Eu queria fazer a travessia leste, passar aí uns três dias no mato, mas não deu...então, fui atrás da trilha nova, aberta em junho, no parque nacional – a Travessia das Sete Quedas. 

Liguei na administração do parque e me disseram que algumas pessoas faziam a travessia no mesmo dia, em vez de pernoitar (que também é uma ótima). São 23,5Km, 17 até o camping, nas Sete Quedas, depois mais 6 até uma estrada fora do parque, onde é necessário contratar um ‘resgate’ (ou andar mais 12Km até São Jorge...).

Paisagem típica da Chapada - Morro do Elefante e da Baleia

Eu queria ‘ralação’ – treino, então, fazer num dia a travessia estava ótimo! Fechei com um guia - Jucie, e um amigo - Dario, que mora em Goiânia, topou a parada. Fomos J

O parque não exige mais que as trilhas sejam feitas com guia. Eles marcaram as trilhas com indicações coloridas, e agora é por conta de cada um, se não quiser contratar um guia. Não achei muito legal, porque, apesar do preço do guia ser caro para alguns, eles cuidam do parque, e isso faz muita diferença! Eu considero a Chapada dos Veadeiros o parque mais limpo do Brasil, e espero que ele se mantenha assim com esta política.

Flor do candombá...só tinha os pequenininhos nessa época

A trilha dos cânions é marcada com vermelho, a do salto de 120m de amarelo, e a travessia de laranja. Há setas indicativas nas pedras ao longo da trilha, e nos pontos mais críticos, como na travessia do Rio Preto, eles colocaram uns canos mais altos para facilitar a visualização, mostrando a melhor direção para a travessia. Ficou muito bom.

Setas indicativas, essa aí antes da bifurcação das trilhas

No caso da travessia, com pernoite, é preciso reservar na administração do parque, porque a capacidade máxima permitida é de 15 pessoas. No site do parque tem todas as informações necessárias. No caso de ir com guia e fazer num dia só não era necessário, mas mesmo assim fizemos a reserva pra garantir.

Marcação da trilha na pedra, e o Jucie...

Não encontramos ninguém na trilha J, adoro isso!!! Preenchemos 2 formulários na entrada do parque, e nos entregaram um ‘crachá’ de identificação, que deveria ser deixado na saída do parque. Há uma caixa na saída para receber os crachás, e os guardas-parque passam no fim do dia e conferem quem saiu e quem ficou. Isso agiliza o resgate, no caso de ter pessoas perdidas nesta trilha.

Começamos a trilha no sábado umas 8:30hs. O tempo estava nublado, o sol aparecia de vez em quando e não dava pra saber como seria...mas, estávamos animados! Andamos pelo trecho comum das trilhas até o Cânion I, depois seguimos as setas laranja para a travessia.

Andando pelos campos limpos

Chegada ao Cânio I

Vegetação típica

Olha aí, até pinheirinho achei dessa vez :) é o Natal chegando!

Mistura de cores: árvores secas, verdes de vários tons, florzinhas pela trilha...

Passamos pelas trilhas típicas da chapada, forradas de cristais, muitas pedras, depois cerrado, campos limpos, e o visual das ‘montanhas’ nos cercando. LINDO!! J

Trilha plana, com as chapadas cercando o visual

Essa era uma das vistas na ida para as Sete Quedas

Ponto de travessia do Rio Preto

A maior parte da trilha é plana. O que pega mesmo é a distância, e o sol direto em todo o percurso! Demos muita sorte de o tempo estar fechado durante os 17Km até as Sete Quedas...aí fomos muito bem, acho que já estávamos lá umas 13hs. Aí, adivinha?? Caiu aquele temporal! Tivemos de correr e juntar tudo pra atravessar o rio e garantir que estaríamos bem, caso a chuva continuasse daquele jeito.

Atravessando uma 'cidade de pedra'

A área de camping fica próxima desse local...chegando nas Sete Quedas
Tempo fechado...o céu estava feio :(

Pose pra foto na chegada

Analisando a área...antes de entrarmos na água...antes do toró!!

Atravessamos o rio e resolvemos esperar um pouco. Vimos que a chuva seguia para outra direção e a gente queria aproveitar o lugar!! Deu certo :D

Ficamos por lá lagarteando nas lajes, filosofando maluquices compatíveis com as lendas do lugar, e tomando um sol, que, enfim, saiu...

Sequência das Sete Quedas

Enfim, vidinha mais ou menos...

Agora dá pra ver melhor a situação do céu

Depois da curtição, fomos. Conseguimos ligar para o resgate para combinar o horário da volta na saída do parque. Tudo certo...caso contrário, seriam mais 12 Km até São Jorge...nem um pouco legal, depois de andar 23Km no cerrado, sem falar que o sol já estava pegando!! Imagina se tivesse aquele sol o tempo todo – thanks God!!!! Sortudos...temos anjos da guarda, foi tudo perfeito! J

Eu e Dario no final da trilha, chegando na estrada

Chegamos na vila umas 17:30 hs, e fomos tomar um café, um suco na cafeteria da pousada Bambu. Depois, demos uma volta na vila e fomos conhecer a dica do jantar, dada pelo Jucie, uma risoteria bem legal. À noite tinha música ao vivo e a comida – muito boa!!! Principalmente, depois de um dia de trilha ;)

No dia seguinte combinamos com o Jucie de ir para a cachoeira do Segredo. Trilha completamente diferente da anterior, fora do parque, seguindo pela Serra do Segredo, atravessando o rio várias vezes, passando boa parte da trilha por mata ciliar. Conhecemos um casal na pousada, e dividimos o preço do guia. Chegando na entrada da fazenda, onde deixamos o carro, temos de pagar e ganhamos uma pulseira de controle...

Começo da trilha pra cachoeira...outro cenário!

Primeira travessia, Rio São Miguel

O lugar é LINDO!!! Maravilhoso...recomendo MUITO!
O Jucie disse que o nome é por causa da época do garimpo, quando pediram segredo para os achados da região, e claro, não pegou J. Nessa trilha andamos 16Km, ida e volta, e fizemos caminhos diferentes. Pegamos 'aquele' sol o dia todo!! Não estava fácil, mas a trilha e a cachoeira compensam o sacrifício – sem dúvidas! Acho que é a cachoeira mais linda da chapada.

Já conheço essa pose ;)

Uma das travessias do Rio Segredo...pelo caminho das pedras

A trilha segue, no começo, por uma estrada (dá pra ir mais um pedaço de 4x4), depois começam as travessias do rio, acho que umas sete ou oito vezes. A trilha segue pela margem do rio Segredo, boa parte em mata ciliar, o que ajudou bastante na ida por causa do sol. Depois, passamos por um campo mais aberto, contornando os morros para chegar de novo na mata que dá acesso à cachoeira. Toda a trilha é linda!! Quando avistei o paredão da cachoeira na trilha já comecei a comemorar...D+++.

Paramos nesse local para comer e curtir...simplesmente LINDO!

Na sequência formam quedinhas...fiquei deitada aí só deixando a água passar


Parte mais aberta da trilha da ida

Voltando pra mata

Avistando o paredão da cachoeira na trilha!! D+

A foto não revela a beleza do lugar...

LINDA! e não é mais 'segredo'

Voltamos por outro caminho, mais perrengue, pois não era bem uma trilha, e pegamos bastante sol na moleira! Foi um sobe e desce, fazendo um atalho, onde economizamos 1Km de trilha.

Saindo da cachoeira

A natureza fez um santuário cercando a cachoeira

Fomos bem, saímos um pouco antes das 10hs, e chegamos de volta no carro às 16:38hs. Aí, foi o tempo de tomar uma ducha na pousada e voltar para Brasília. A comemoração do findi foi aqui, no velho e bom Martinica Café ;) 


Florzinhas do cerrado, com os cristais da chapada


Thank's God!!

DICAS:

- Para mais informações sobre o parque:

Com ou sem guia – cuidem do parque! Patrimônio Mundial Natural, declarado pelo UNESCO em 2001.

- Contato do Jucie: 62 9967 0095, ou procurem a Agência Segredo na vila.

- Vejam as orientações sobre as trilhas,comportamento, o que levar, etc no site do parque.

- Para a trilha do Segredo vale a pena ir com um tênis pra água ou uma papete. Meu pé sofreu com o calor...fui com minha bota de montanha pra chapada L! Assei meu pé!

- Outra dica legal para a travessia dos rios, dependendo do volume d’água, é usar os bastões de caminhada.

- Ficamos na pousada Trilha Violeta (R$ 120,00 a diária), café da manhã excelente! Tem várias opções de pousada, outra que recomendo a Alecrim do Campo, e se quiser investir na pousada a dica é a Baguá – que tem uns bangalôs fantásticos!!!

- Tomar um café expresso na pousada Bambu.

- Jantar na risoteria Santo Cerrado! Também dá pra curtir o pôr-do-sol de lá...

- Cheque o tempo, vá com os equipamentos adequados, água e protetor solar. 

                                A P R O V E I T E  esse paraíso ;)

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Parque Estadual do Marumbi – Paraná – 28-29/set/2013


Enfim, chegou a hora de voltar pra montanha!!! O Marumbi foi ”amor à primeira vista” J. Desde que vi o complexo pela janelinha do trem (na última viagem), fiquei encantada. O Parque Estadual foi criado em 1990, em uma região super preservada, de beleza ímpar, com formações rochosas no meio da Mata Atlântica. O único problema é o clima...acho que essas montanhas deveriam estar no Planalto Central, com clima maravilhoso e céu de brigadeiro, pois não dou sorte, por lá só chove L! Terei que negociar com São Pedro nas próximas idas à Curitiba.


Estação Marumbi, onde passam os trens de carga - a primeira estação era de 1913!

Bom, com chuva ou sem chuva, fomos! Conheci uma turma Nota 10: nosso guia Rodrigo, o super Konda, a Geni e o Sérgio...todos amigos da querida Michele, que, infelizmente, não pôde participar. Para não facilitar, tivemos de sair por volta das 5:15hs da matina de Curitiba, e eu não consegui dormir nada.

Logo depois do sol nascer, na estrada da Graciosa, Ciririca, a montanha mais alta

Chegamos lá, o dia estava meio nublado, o sol aparecia de vez em quando. Todos torcendo para que a previsão de chuva à tarde não se concretizasse. Fizemos o registro para controle de entrada/saída do parque, ajeitamos os equipos e partimos. Acho que umas 8:30hs. A ideia era subir até o Olimpo pela trilha branca, Frontal, ir passando pelos cumes do Gigante, da Ponta do Tigre, e talvez da Esfinge, depois, descer pela trilha vermelha, Noroeste.


Complexo Marumbi - começamos a trilha na Estação, 485m, ainda com sol :)
Dá só uma espiada no que nos esperava!


Marcação da trilha Frontal - setas de metal e fitas marcam a trilha


                 Conjunto Marumbi. Fonte: site do COSMO; desenho de Márcia Foltran, 1994.
               O mapa mostra todas as trilhas de acesso e as altitudes dos cumes do complexo.

Iniciamos a trilha e tivemos uma surpresinha...nosso amigo Rodrigo pegou numa jararaca!! Isso mesmo...foi um baita susto! O Rodrigo deu um berro e foi cada um pro seu lado :D. Mas, mesmo depois de um tempo ele ainda estava vendo jararacas pra todo lado!!! Imagina...




Depois da jararaca...descansando e curtindo a cachoeira dos marumbinistas

Um cururu ;)


Subindo uma das vias ferrata para o Olimpo

Fizemos o Olimpo com o tempo abrindo de vez em quando, nos permitindo curtir as fantásticas vistas do alto, com muitas nuvens, montanhas verdinhas abaixo, e um mar de montanhas azuladas no horizonte. LINDO! A subida é bem íngreme, mas vai de boa! A parte mais divertida (pelo menos pra mim!) são as escaladas pelos grampos/degraus, as vias ferrata. São em lugares mais íngremes, desprotegidos e que têm a melhor vista ;). Pra quem não tem medo de altura, claro!

Florzinhas no cume do Olimpo - 1.539m

Curtindo o visual com as janelas que apareciam entre as nuvens

Cume, caixa do livro de cume, e no fundo a baia de Paranaguá

Eu, Konda, Rodrigo, Geni e Sérgio - cume do Olimpo

No cume do Olimpo, 1.539m, o ponto mais alto do complexo, não tivemos muita vista, mas curtimos bastante! Com o dia limpo, é possível ver toda a Serra do Mar, a baia de Paranaguá, Antonina, a estrada de ferro...tudo em volta!

Que vontade que dá de ter aquela paz, aquele silêncio, aquela natureza todos os dias!

Vista da Baia entre as nuvens no cume

Daí, tivemos outra surpresa!!! Essa pra mim, e das boas! Ganhei do Rodrigo o livro ‘As Montanhas do Marumbi’ lá no cume. :D

Surpresa...e detalhe, eu carreguei o 'pacote' com o livro desde lá de baixo :)

A D O R E I!! E depois, mais ainda, ter tido a oportunidade de conhecer o Farofa (autor do livro) quando descemos! Mas, termino essa história depois...

Comemos, fotografamos, filosofamos e fomos...daí o tempo já fechou!


Registro do cume, com os nomes da equipe

Quando chegamos na Ponta do Tigre (1.400m) a vista era só branco por toda parte! Já estávamos no meio das nuvens. Claro que tivemos outra experiência – rsrsrs. Sabe quando a gente olha pro nada e vê aqueles pontinhos brilhantes, os íons, elétrons e afins J! Só o Konda não conseguia ver...e quando viu, viu outra coisa...Bom, vamos pular essa parte também! :D


Estão vendo os pontinhos brilhantes????


Mais uma via ferrata

Quando chegamos na bifurcação para encarar a Esfinge desistimos de seguir, o tempo havia fechado, já começava a chover e decidimos retornar pela trilha vermelha. Seguimos com cuidado redobrado, devagar, já que descer é muito pior que subir (pelo menos pra mim)!
Meu joelho ainda está lembrando dessa descida, é muito íngreme.


Essa foi na subida para o Olimpo...

Passamos pelo ‘Vale das Lágrimas’ – uma sequência de descidas com várias cordas e correntes, também divertido J, mesmo com chuva. Pra mim é mais fácil que descer pelas raízes das árvores e pelas pedras molhadas! Depois, passamos por outra via ferrata, está bem longa e exposta...tinha um visual lindo na pedra...mas, com a exposição, e tudo molhado, nem pensar em tentar tirar uma foto L. Aliás, não tiramos nada de fotos na descida toda, com água e lama ninguém quis sacar a máquina!!

Já com o tempo fechado, iniciando a descida pelo 'Vale das Lágrimas'...o lugar é lindo!


Olha aí eu descendo ;)


Por fim, quando chegamos no vale, com o tempo fechado já estava bem escuro, a Michele e o Luciano nos esperavam. Acho que era por volta de 17:30h. Eu sempre acho que a gente deve tirar uma foto do grupo antes e depois de subir...Precisa dizer o quanto estávamos sujinhos, descabelados, detonados, etc, etc, etc? Mas, claro, felizes da vida!!! De alma literalmente lavada J (pena que não tiramos as fotos!).

A galera na via ferrata

Continuando a história do Farofa...Nelson Penteado Alves, montanhista desde 1959, ele é um dos pioneiros nas conquistas mais recentes e registros das histórias do Marumbi. O livro conta todo o histórico das explorações e conquistas, e mostra sua paixão pelo esporte e pela natureza. Detalha a abertura das várias vias de escalada para os cumes do complexo, a colocação das correntes, cordas, grampos, a formação dos clubes.

Eu, Farofa e Rodrigo, na casa do Farofa :D

Além dos esportes da montanha, registrou a geologia, a fauna e a flora. É quase uma enciclopédia do Marumbi!
Nós, além da jararaca, encontramos apenas um sapo J, e ouvimos muitos pássaros. Em termos de flora (apesar de eu não ter fotografado L), vimos várias bromélias floridas. A diversidade e a beleza são impressionantes, típicas da Mata Atlântica preservada!

Quando chegamos no vale, fomos à casa do Farofa, que nos recebeu com sua simpatia e carisma, junto com sua esposa, também montanhista. Foi ótimo! Papo de montanha, histórias de conquistas e amigos. Recomendo muito seu livro, é uma referência no montanhismo brasileiro! Espero ter a oportunidade de encontrá-los de novo. ;)


Todos ficamos muito felizes com a oportunidade de conhecer o Farofa e sua esposa

Bom, voltamos pra cidade, tomamos um café pra fechar, e eu já queria mais montanha...Voltei para Brasília (aqui, pelo menos o dia estava LINDO, o astro rei brilhava no céu de brigadeiro!!!), e fica a saudade dos amigos e da montanha!

Agradeço muito a companhia dos amigos montanhistas: Michele, Luciano, Rodrigo, Konda, Geni e Sérgio! Espero aparecer por aí outras vezes e contar com a companhia de vocês por essas montanhas lindas do Paraná J!

Com a bandeira da Bike Ativa no cume do Olimpo ;)


DICAS:

Ø  Avalie as condições climáticas antes de ir, o Parque fecha quando está chovendo. Se não conhece as trilhas vá com um guia ;). Leve tudo que precisa, não tem infraestrutura no Parque (comida, água, lanterna, anorak, etc).
Parque Estadual do Marumbi - quarta-feira à segunda-feira e Feriados 8h30 às 18h00 -
Telefones: (41) 3462-2954 (Parque) ou (41) 3462-3598 (Público)

Ø  O Parque tem um grupo de montanhistas socorristas. O COSMO foi criado em 1996. Eles fazem prevenção, resgate, manutenção e conservação das trilhas e vias de escalada.
Corpo de Socorro em Montanha - COSMO:
http://sites.google.com/a/cosmo.org.br/cosmo

Ø  Para chegar lá é possível ir de trem, descendo na estação Marumbi; de carro, ou 4x4 (que adianta uma hora de caminhada da estação)
Serra Verde Express: www.serraverdeexpress.com.br