quinta-feira, 30 de junho de 2011

Serra Fina - A Travessia! 23 a 25/junho/11

É sem dúvida uma das mais bonitas e difíceis travessias do Brasil! Fizemos a travessia em três dias (a maioria faz em quatro), isso exige um bom condicionamento físico, nada para principiantes! Mas, cruzamos com o Gabriel no segundo dia...primeira vez na montanha, com apenas 15 anos, lencinho na cabeça e o pessoal falando ‘bora Gabriel, vamos!’ Não sei o que aconteceu com ele...com certeza ralou muuuuuuuito, mas animou a galera, que o motivava!! Se o Gabriel tava lá, a gente também dava conta!!! :D

Ganhando os 1.000m do 1° dia

É importante ir com alguém que já conheça a travessia, ou ter um tracklog atualizado e boas noções de navegação. Em alguns trechos não existe uma trilha bem definida e é fácil se perder nos altos capins de anta ou nas matas de bambus. A vegetação é bem fechada e dificulta não só a passagem, mas o reconhecimento do caminho a seguir. Mesmo nas pedras é bom ficar atento aos totens.

Subindo vencendo a vegetação, muito bambuzal!

Também é importante ter um bom planejamento para a travessia, pois a escassez de água no percurso complica as decisões sobre os pontos de acampamento e deixa alguns dias bem mais pesados. A trilha segue pelas cristas das montanhas e são poucos os pontos com água. Isso faz com que tenhamos de carregar pelo menos três litros de água entre os pontos de abastecimento (tivemos apenas 3 pontos, contando com a partida!).

Começamos a trilha pela Toca do Lobo em Passa Quatro (MG) por volta das 10h e acampamos num local chamado Maracanã, depois do famoso Capim Amarelo, onde a maioria do pessoal acampa. Neste dia já ganhamos um desnível de quase 1.000m, e é só subida!

Subindo...(Foto Francisco Gondin)

Até nosso acampamento não encontramos água, então tivemos de levar toda a água para o primeiro dia, e para café da manhã e uma parte do segundo dia, até encontrar água novamente.

Amanhecer do 2° dia, no Maracanã

Cume da Pedra da Mina com o maciço das Agulhas Negras no fundo

Quase não ventava no cume...olha só o cabelo!

O próximo ponto com água foi antes da subida para a Pedra da Mina, o ponto mais alto da travessia – 2.798m. Descemos do cume, que nos recebeu com um vento gelado, e seguimos em direção a um capinzal da nossa altura, cortado pelo Rio Verde. Aí sim era um campo de capim amarelo (ao contrário da região por onde passamos chamada de Capim Amarelo), talvez o único lugar plano de toda a travessia!!

Segundo acampamento, no meio do capim e da friaca!!

Achamos um lugar para acampar e fomos pegar água para nos reabastecer. Para a nossa surpresa, no final do dia (~17h) ainda tinham blocos de gelo no riacho...nem preciso dizer que passamos uma friaca danada nesse lugar!!!!

Olha aí o gelo no riacho...(Foto Cláudia Bessa)

Acho que fez menos que -5°C durante a noite, pois acordamos por volta das 4:30h e dentro da barraca marcava -3°C! Foi literalmente congelante sair do saco de dormir, vestir a roupa gelada e encarar todas as tarefas de desmontar acampamento, sem falar que o vale estava completamente coberto pela geada e nada de sol!

A gente passava pelo capim com ele todo branco e gelado, procurando o caminho, e meus pés congelando! Bate aquele desespero por calor até conseguir pegar um sol, dá vontade de sair correndo pra esquentar. Com o sol (UFA!!!!), aí tudo começa a voltar, os dedos dos pés, as mãos, e logo já vem as subidas pra gente esquentar e começar a tirar as camadas de roupas!

Não é fácil...são extremos de temperatura, sobe e desce constante, sempre exigindo bastante esforço, e, claro, com a cargueira pesada nas costas!

Simples assim J

Visual com as nuvens

O terceiro dia foi o mais puxado de todos, pois definimos a logística do segundo acampamento com base num lugar com água para acampar. Acordamos às 4:30h congelando e paramos de andar no sítio do Pierre em Itamonte (MG) às 19:15h...nem preciso falar que meus pés estavam pedindo socorro!!

Não tem nada leve na Serra Fina! neste dia então subimos o Cupim de Boi (2.530m), o Pico dos Três Estados (2.656m), depois o Alto dos Ivos (2.513m), e é só subida íngreme ou descida íngreme o tempo todo! Além desses cumes citados fizemos vários outros, era cume o tempo todo, pois estávamos andando pelas cristas da serra, que é realmente fina!

Subida pro cume do Pico dos Três Estados

Essa aí de longe parece bem complicada, mas não é...subida pro cume dos Ivos
(atenção pros pontinhos subindo na pedra!!)

O visual normalmente tem as nuvens lá em baixo, e por cima só as montanhas mais altas da região. Em alguns momentos limpa tudo e é possível ver todo o Vale do Paraíba, o maciço das Agulhas Negras e alguns picos da Mantiqueira. É muito lindo!!! Demos muita sorte de pegar tempo bom e muita visibilidade. Ainda bem...caso contrário eu já havia descoberto (2009) que é missão impossível fazer esta travessia!

Visual das cristas por onde passamos...

Uma das paisagens mais bonitas é a do Picu no meio das montanhas! Adoro este visual de várias camadas de montanhas com as cores variando J!!

Picu

Foram três dias de muito visual, com uma turma fantástica (CEB), mas bem cansativos mesmo!

Aí vão algumas dicas:
1.   Vá com um guia ou estude bem o caminho e as estratégias para acampar e pegar água. Nos feriados é comum encontrar mais gente, e os pontos de acampamento são pequenos.
2.   Não economize nas roupas de frio! Melhor, tenha bons equipamentos! Acampando no alto tem um vento cortante, acampando no vale é mais úmido e congelante. Afinal, estaremos acima de 2.500m.
3.   Defina a logística e o tempo de travessia de acordo com o seu condicionamento físico e com o do grupo.
4.   Cuidado com a água! Use purificador. Um colega do grupo tinha um isotônico com vitaminas em capsulas (Suum), eu não conhecia! Muito bom, e eu já vi isso salvar muita gente em expedições mais pesadas.

                                        APROVEITEM!!!!!!

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