Aproveitando que
juntaram o feriado do dia do servidor público (28out) com o de 02nov, fui com
uma amiga para Chapada dos Veadeiros. Paraíso que ainda não tinha visitado este
ano. O destino foi Cavalcante, buscando águas claras e geladas antes que a
chuva chegue por aqui!
Cartão postal de Cavalcante - Santa Bárbara
Cavalcante deve ser
uma das cidades mais antigas do Goiás. É da época da lavra do ouro junto com as
de Minas Gerais. A lavra foi abandonada pelo alto custo, era preciso drenar o
terreno o tempo todo...temos um paraíso das águas por lá. A cidade ainda cultiva
muito machismo entre os nativos, acho que típico da cultura goiana. E olha que
não estou falando como brasiliense...kkkk.
Em algumas
conversas foi fácil notar os conflitos e diferenças entre os nativos e os que
vieram de fora em busca de paz e do encanto de viver naquele paraíso natural. Mas,
vamos falar de natureza!
Saímos cedo de
Brasília para ir direto para a cachoeira mais famosa da região, cartão postal
de Cavalcante – Santa Bárbara. São 320km até Cavalcante, e depois mais 23Km de
estrada de terra até o povoado do Engenho II, uma comunidade kalunga, que é sítio
histórico e Patrimônio Cultural. Lá pegamos um guia nativo e seguimos de carro
por mais ~3-4km, antes de começar a trilha para a cachoeira. A ideia era ir
direto na esperança de não pegar a cachoeira lotada, o que é normal nos
feriados. Inclusive com visitação e tempo controlado.
Trilha, depois que deixamos o carro...com vários pontos de erosão :(
Na trilha para a Sta. Bárbara já temos algumas demonstrações do lugar...
Água completamente transparente!
Digamos que não
vale a pena visitar a Santa Bárbara lotada. O lugar é um santuário para todos
os amantes da natureza, e não comporta muita gente, e não combina com o
espírito de muvuca! Como sexta-feira não era feriado pra todo mundo, deu certo!
Tinha bastante
gente, mas não atrapalhou o astral. Conseguimos curtir o santuário! Aquelas
águas azuis transparentes cercadas pelos paredões verdes são maravilhosas!
Um santuário, para ser cuidado!
O poço, mesmo com o feriado, deu pra aproveitar muito!
Debaixo d'água :)
O tempo colaborou, não fez muito sol, mas a chuva, ou chuvisco só chegou mais tarde. Seguimos para a cachoeira Capivara, para aproveitar o passeio, mesmo sem muitas esperanças de banho pela cara feia do tempo. No caminho vimos araras e tucanos...coisa linda! Aliás, como também a cachoeira! A Capivara não tem águas azuis como a Sta. Bárbara, mas tem quedas maravilhosas entre paredões. Ela é formada pelo encontro de dois rios, e ainda preciso conhecer a sequência de cachoeiras que vem depois...e já é motivo para voltar!
A foto não mostra bem, mas o céu estava repleto de andorinhas...lindo!
A sequência do rio. Águas não tão claras, mas lindas!
O poço da Capivara, visto do alto da trilha de acesso.
A chuva não veio,
não passou de chuviscos, mas não encaramos a água, fiquei só nas fotos e na
admiração da paisagem. A preocupação era com a estrada, pois passamos por
alguns rios dentro da comunidade kalunga, e na estrada tinha um desvio com uma
ponte quebrada (de madeira, claro!). Mas, deu tudo certo! Só alegria...e ainda
almoçamos na comunidade. Por lá, eles plantam tudo que comem...e isso não tem
preço!!!
A trilha da Capivara é bem mais acidentada que a da Sta Bárbara, que é plana.
Olha isso!!!!!!!!!
Sem palavras com o visual...
No dia seguinte,
hora de reencontrar o guia e amigo Paulo Morais, o Pardal, que conheci da
última vez que estive em Cavalcante, quando me apresentou à Ponte de
Pedra...outro paraíso que eu precisava visitar!
Na noite anterior
já o havíamos encontrado tocando na Gastrô, uma pizzaria nova na cidade. Ele
toca percursão/bateria, e, em dupla, forma a Baião de Dois. Forró pé de serra,
MPB, reggae...tudo de bom, num ambiente bem legal, com uma ótima pizza.
A trilha pra Ponte
de Pedra é bem íngreme, o que espanta a maioria dos turistas. Da primeira vez
estávamos sós, e dessa vez encontramos apenas um casal. A aventura da vez foi
usar o 4x4 em alguns trechos do acesso!
Localizada a
aproximadamente 12 km de Cavalcante, o acesso é feito por 9 km de estrada de
terra. Paramos antes na fazenda do 'dono do pedaço' para pagar a entrada e nos
registrar. Depois seguimos para a Reserva Renascer, onde é possível deixar o
carro, ou seguir por uma estrada bem ruim por mais uns 2Km (aí entra o 4x4!). Paramos
o carro e entramos na trilha, que começa numa floresta em reconstituição, e
segue até a base da Serra Santana. A partir daí, é subir a serra (~900m metros
de subida íngreme), depois mais 1km de trilha fácil para se chegar ao rio São
Domingos, quase na divisa norte com o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
(Peguei alguns dados em
http://cavalcantego.blogspot.com.br/p/videos.html).
http://cavalcantego.blogspot.com.br/p/videos.html).
A trilha de acesso começa na mata...Paulo e Cássia.
Várias espécies nativas, como a copaíba!
Um castelo de cupins ;)
Depois de subir a serra, chegamos nas pedras, onde encontramos o São Domingos.
Curriola...frutinhas novas para o cardápio da trilha! Delícia!
A árvore, identificada.
Euzinha pousando com a ponte :)
De novo, agora debaixo dela...
Vista do vale que segue...as próximas vistas são do alto...
Pra entender a
geografia dessa região, acessem o post que escrevi na primeira visita à Ponte
de Pedra:
Visual do mirante. O rio passa lá embaixo. E, no horizonte, muita chuva!
Cada cenário tem sua beleza! Mesmo nublado, estava lindo!
A chuva que víamos no Parque, essa região é fronteira.
Vista do alto da sequência de cachoeiras que desaguam pelo vale...
Não vi Canela de Ema, nem Chuveirinhos, mas vários Candombás floridos :)
Retornamos para
abater o PF do Flor do Cerrado, tomando uma gelada. De noite, descobrimos outro
lugar legal que o Paulo indicou para tomar um café. É também uma das únicas
opções vegetarianas da cidade. Tudo muito gostoso. É impressionante como tem
gente fantástica nestes lugares. Anota aí, Canela de Ema é o nome do lugar.
Iríamos retornar no
domingo (01nov), e a Cássia preferiu tomar o rumo de Alto Paraíso e fazer
alguma coisa por lá. O dia amanheceu chovendo, o que desanimou um pouco...essa
era a melhor opção. Tomamos nosso maravilhoso café da manhã, nos despedimos da
Marta, dona da pousada Manacá, onde ficamos, e seguimos para Alto.
Por lá, procurando
algo mais tranquilo, e mais vazio (tudo deveria estar lotado), fomos para as
Loquinhas, pois o acesso estava fechado mais cedo, por causa da chuva, e deu
certo! Em menores proporções, outro paraíso, e sem nenhum esforço pra curtir.
Quando eu fui às Loquinhas ainda não tinha a trilha de madeira com escadinhas
para os poços...um luxo!
Sequência de poços das Loquinhas.
Pouco sol, pouca gente, acertamos de novo!
Um dos poços de águas cristalinas...
Euzinha, curtindo a cachu!
Em Alto, almoçamos
no Alquimia para manter a vibe natureba e pegamos a estrada. Tempestade mesmo
só quando chegamos no Quadradinho (DF)...mas, passou logo! E, infelizmente, já
não estamos mais no paraíso. Firmei um ideal de ir para a Chapada pelo menos
três vezes no ano que vem! É possível ir várias vezes sem repetir o programa de
tanta coisa pra fazer...e eu aqui em Brasília!
Dicas
- Essa não é a
melhor época para ir, pois as chuvas de verão já começaram e existem muitos
riscos, principalmente de tromba d’água na maioria das cachoeiras, sem falar na
complicação de alguns acessos. De qualquer forma, deu pra aproveitar J! Em qualquer época é possível fazer coisas legais de
olho no tempo. Pra se garantir é melhor ir entre abril e outubro.
- Por lá já fiz
camping na fazenda Veredas, e me hospedei na pousada Morro Encantado, que é uma
maravilha. A Manacá é menor, mas muito aconchegante e tem um ótimo café da
manhã! Nos feriados é preciso reservar com uns dois meses de antecedência. Senão,
nada de vaga! Todas as cidades/vilas da Chapada estão nessa agora. Vocês vão
adorar conhecer a Marta, dona da pousada!
- Para almoçar no
final dos passeios, em alguns lugares é possível encomendar nas comunidades (~R$
25,00 nos kalungas). Isso sempre vale a pena, por mais simples que seja a
comida é praticamente tudo orgânico e local. Sem falar na oportunidade de
convivência com os locais. Se for direto para a cidade, eu indico o PF do Flor
do Cerrado (R$ 20,00)...eu comeria uns dois! Não deu pra descobrir muita coisa
na cidade, pois a maioria do comércio estava fechado...mesmo sendo feriado! Eita
povo que gosta de trabalhar!!!
- Nos kalungas é
possível pegar um guia da comunidade, na entrada da cidade tem o Centro de
Atendimento ao Turista, onde também ficam alguns guias, mas se quiser um cabra
bom vai direto com o Paulo! Eu quero fazer a sequência da Capivara com ele.
Segue o contato: 62 9612 6812. E aproveita pra ouvi-lo tocar em algum canto da
cidade à noite ;)
- Na comunidade
kalunga também é possível comprar os produtos plantados por eles: arroz,
feijão, farinha de mandioca, e outras coisas. É interessante apoiar a
sustentabilidade da comunidade!
- A cidade é
sossegada. Aproveite o silêncio, os morros encantados, as revoadas de araras e outros
pássaros.
- A maioria dos
passeios têm acesso por estradas de terra, e nem sempre é perto. Ter um 4x4 é
uma boa opção para qualquer parada, mas acredito que é possível fazer todos os
passeios com carro normal, dependendo da época, e andando um pouco mais (com os
pés!!!). Quando eu fiz a Sta. Bárbara a primeira vez não era permitido entrar
com carro a partir da comunidade kalunga. Agora eles deixam, e até incentivam
ir de carro até perto da cachoeira, o que está gerando erosão e detonando o
acesso. É triste ver que a comunidade cede ao poder do dinheiro. Ainda vimos
uma boa parte da trilha de acesso queimada por ponta de cigarro de algum turista
criminoso que não foi identificado! Por isso (também), não dá pra ir com
qualquer guia...os caras têm de ter autoridade com esses FDP! Um dos grupos que
chegaram junto com a gente para a Sta. Bárbara estava fumando e bebendo...deveria
ser proibido! Ficamos sabendo de um grupo de jipeiros que invadiram a área das
cachoeiras do Prata (15 jipes), e chegaram até perto da cachoeira Rei do Prata,
no final da trilha. Um absurdo! É uma área de preservação, e espero que o
Ministério Público dê conta disso, pois pegaram todas as placas dos imbecis!
Deu saudades de Cavalcante e seus encantos! E as dicas de restaurantes estão anotadas ;)
ResponderExcluirAno que vem voltaremos para lá e a dica de fazer as cachoeiras da Capivara foi anotada.
E ficarei no seu pé para visitar a chapada no mín 3x/ano :)
Bjs, saudades, Michèle